terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Resgate histórico mostra luta contra o câncer


O câncer está nos jornais e revistas, o câncer está no cinema, o câncer está na política, o câncer está na moda.

O câncer já foi biografado. Sua história rendeu ao oncologista Siddhartha Mukherjee o Prêmio Pulitzer de 2011 “O Imperador de Todos os Males: Uma Biografia do Câncer” (Companhia das Letras).

Agora, é a vez de a história da luta contra o câncer no Brasil ser contada. A missão coube ao escritor Eduardo Bueno, que escolheu como fio condutor a trajetória do Hospital A.C. Camargo, referência no tratamento da doença no país.

À primeira vista, a obra tem cara de publicação institucional. A começar pelo patrocínio do grupo Votorantim. A família Ermírio de Moraes, dona do conglomerado, participa da gestão do hospital, com José Ermírio de Moraes Neto na presidência do conselho curador e Liana de Moraes na diretoria executiva.

Mas Bueno, autor de mais de 30 livros, contornou a situação com um bom resgate histórico da biografia do câncer e do seu combate, além de bastidores políticos da República Velha e da Era Vargas.

Jornalista dos Diários Associados, a gaúcha Carmem tinha trânsito livre nas altas rodas do poder. Seu pai, Heitor Annes Dias, era médico particular de Getúlio Vargas e da sua mulher, Darcy.

O marido, o cirurgião Antônio Prudente, era da oligarquia rural paulista e neto do primeiro presidente civil brasileiro, Prudente de Moraes.

Por meio da história do casal, é possível conhecer a disputa política em torno das primeiras ações de combate ao câncer no país. Em viagem aos EUA, em 1945, Carmem conheceu as campanhas para arrecadação de dinheiro para o combate da doença, feitas pelas ligas femininas. A partir de 1946, ela passou a organizar no Brasil ações semelhantes.

Também foram espalhados 25 mil cartazes pelas ruas de São Paulo, além de uma exposição de tumores preservados em formol. Ideia ousada para uma época em que se evitava até mesmo falar a palavra câncer.


Quase 70 anos depois, a doença ainda aterroriza, mas hoje várias formas de câncer são curáveis graças a pesquisas que levaram ao desenvolvimento de terapias mais eficazes - muitas delas, aliás, financiadas por beneméritos que enxergaram além da própria conta bancária.

Fonte: Folha de São Paulo

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