segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Mário de Andrade ganha primeira biografia após 70 anos de sua morte


Você já ouviu falar muito dele. Mário de Andrade (1893-1945), afinal, foi por décadas uma figura central da cultura brasileira - e seu nome ecoa até hoje. Teses foram escritas sobre ele. Suas cartas são publicadas há 20 anos. Seus textos são estudados nas escolas. O papa do modernismo, cuja morte completa 70 anos na próxima quarta-feira - fazendo com que sua obra entre em domínio público em 1º de janeiro de 2016 -, será homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty deste ano, que acontece em julho, e em uma série de lançamentos. Assim, parece o criador de um projeto de arte e de um Brasil vitoriosos - mas não é bem assim.

Pelo menos não é essa avaliação de "Eu sou trezentos - Mário de Andrade: vida e obra" (Edições de Janeiro/Biblioteca Nacional), de Eduardo Jardim, primeira biografia de um homem visto por muito tempo como "imbiografável" (por medo de que a abordagem sobre a sexualidade do pensador pudesse gerar processos judiciais). O livro carrega uma visão mais pessimista que o usual. O Mário de Andrade retratado por Eduardo Jardim não é um vencedor, mas um homem que dedicou sua existência a um projeto artístico e de nação - para vê-lo derrotado no fim da vida.

- Não à toa, ele vai ficando mais amargurado. O Mário morreu com 51 anos. Você pega as fotos dele e vê uma pessoa arrasada, um homem velho - afirma Jardim, professor aposentado do Departamento de Letras da PUC-Rio. - Os admiradores de Mário o apresentaram como um escritor consagrado, mas ele foi sacrificado pelo ponto de vista autoritário.


Fonte: O Globo (matéria completa aqui)

Nenhum comentário:

Postar um comentário