quinta-feira, 3 de julho de 2014

Morre Ivan Junqueira, membro da Academia Brasileira de Letras, aos 79 anos

Morreu nesta quinta-feira, aos 79 anos, Ivan Junqueira. Sexto ocupante da cadeira de número 37 da Academia Brasileira de Letras, o carioca teve insuficiência renal. Segundo antecipou o colunista Ancelmo Gois, ele estava internado no hospital Pró-Cardíaco havia mais de um mês.


O corpo do acadêmico está sendo velado no Salão dos Poetas Românticos, no Petit Trianon da Academia Brasileira de Letras, de onde sairá às 15h para ser sepultado no mausoléu da ABL, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Poeta, ensaísta, tradutor e crítico literário, vencedor de importantes prêmios como o Jabuti de poesia por "A sagração dos ossos" (1994) e "O outro lado" (2007), Junqueira completaria 80 anos em novembro. Para marcar a data, que concide com seus 50 anos de carreira literária, sua editora, a Rocco, estava planejando o lançamento de dois livros inéditos do autor: "Essa música", de poemas, para este mês, e "Reflexos do sol posto", coletânea de ensaios, previsto para outubro, mas que deve ser adiantado para agosto.

Em "Reflexos do sol posto", Junqueira reflete sobre o cenário das letras brasileiras em críticas e análises feitas ao longo dos últimos anos e dedica um espaço especial à poesia. Quase premonitório, logo nas primeiras páginas ele avisa o leitor que esta deveria ser sua última reunião de ensaios. Já em "Essa música", seu amigo e crítico Alfredo Bosi afirma na quarta-capa que, com a obra, ele "alcança o zênite de sua trajetória poética". Também sobre o livro, o poeta Marco Lucchesi afirma: "'Essa música', essencialmente atonal, perfeitamente esquiva, contínua e sincopada é uma pauta de raro encantamento” no texto de abertura da orelha.

Também em ocasião de seus 80º aniversário, a Editora Nova Fronteira programou a edição de bolso da premiada tradução dos poemas de T. S. Eliot, de 1981, que mereceu dez edições. Outras obras do Acadêmico, como "O outro lado" (Record) e "Testamento de Pasárgada" (Global), antologia crítica sobre Manuel Bandeira, também estão no prelo para ganhar novas edições.

Junqueira foi o sexto a assumir a cadeira de número 37 da ABL, em 2000, ocupando a vaga deixada por João Cabral de Melo Neto. Nascido no Rio em 3 de novembro de 1934, estudou medicina e filosofia na Universidade do Brasil (atual UFRJ), sem concluir nenhum dos dois cursos. Em 1963, começou a trabalhar como jornalista na "Tribuna da Imprensa", tendo passado pelas redações do "Correio da Manhã", "Jornal do Brasil" e "O GLOBO".

Também foi colaborador das enciclopédias Barsa, Britannica, Delta Larousse, entre outras, além do Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro editado pela Fundação Getúlio Vargas. Na Funarte, foi editor da revista "Piracema" e chefe da Divisão de Texto da Coordenação de Edições, tendo se aposentado no serviço público em 1997. Na Fundação Biblioteca Nacional, foi editor-adjunto e depois editor executivo da revista "Poesia sempre", entre 1993 e 2002.

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